Ivani Ribeiro e seus telespectadores, meus leitores
- carolrasrodrigues
- 20 de fev. de 2019
- 5 min de leitura
Tempo não apagará relação do público com a obra da novelista e é um capítulo especial no legado da autora

A #imagem da década de 1970 da #RevistaAmiga, publicação especializada nos bastidores da #televisão, com o título “Ivani Ribeiro: nas mãos desta mulher estava o destino de cada um” dá a dimensão do quanto a #novelista dominava a composição dos #personagens e de suas #tramas.
Cleide de Freitas Alves Ferreira (1916-1995), conhecida como a dama do rádio e da TV pelo pseudônimo Ivani Ribeiro, soube lidar com as #emoções de tal forma que o resultado é visto ainda hoje: um público fiel. Observar a relação das obras de Ivani com o seu #público é muito interessante. Afinal, ele é seleto.
Engana-se quem pensa que as novas #gerações não se interessam por suas tramas. Os mais novos lamentam não terem visto algumas versões – infelizmente, capítulos foram perdidos porque antigamente gravava-se um trabalho sobre o outro – e as gerações mais antigas gostariam de rever #histórias e, consequentemente, reviver uma #época.
Foi justamente essa possibilidade que eles encontraram na #biografia “Ivani Ribeiro: a dama das emoções”, publicada pela Novo Século Editora, em 2018. No livro, o público da autora pôde conhecer um pouco mais sobre aquela que criou obras marcantes da história da #teledramaturgia brasileira. E quanta honra a minha, porque o meu público é o público das obras de Ivani, e é muito atencioso.
Surpreendentemente, hoje, parcela significativa do público da autora de #clássicos como #AViagem e #MulheresdeAreia está na faixa dos 20 anos. Outro detalhe: a maioria dos que se corresponderam comigo é do sexo masculino, ou seja, as obras de Ivani conquistaram ambos os sexos. A que se atribui esse fenômeno? Uma das razões é o fato de as obras da #mestra serem #atemporais.
Leandro Rodrigues, de Santa Cruz das Palmeiras (SP), tem 27 anos e me escreveu assim que finalizou a #leitura. Ele se denomina fã da teledramaturgia brasileira e ouviu falar pela primeira vez de Ivani Ribeiro em 2001, com a reprise da novela #AGataComeu no Vale a Pena Ver de Novo. “Já tinha assistido antes as reprises de Mulheres de Areia e A Viagem e tinha adorado, mas eu era muito pequeno e não fazia ideia de quem tinha escrito essas novelas e muito menos que eram da mesma autora. Quando vi A Gata Comeu me apaixonei imediatamente pela novela e minha curiosidade em relação à autora dessa história maravilhosa só aumentou. Anos depois, quando descobri que Ivani também era responsável por Mulheres de Areia e A Viagem, minha admiração por ela só aumentou. Graças ao Canal Viva pude ver na íntegra essas três obras”.
Os depoimentos chegam por e-mail e via facebook, são muitos, semelhantes e vindos de diferentes partes do Brasil. O #livro mostrou outra faceta de Ivani. O #leitor Renato Soares, que mora em Minas Gerais, declarou que pouco sabia da vida da autora no período anterior às emissoras Tupi e Globo. “Vi pela narração que ela já fazia muito sucesso no rádio e nas TVs Record e Excelsior, ganhando sempre o Troféu Imprensa com duas novelas suas concorrendo”.
Ele ainda associou a #eloquência de Ivani nas novelas com as páginas de sua biografia. “Seu livro é tão gostoso de ler quanto de assistir uma novela de Ivani. Escreve com clareza, não dá vontade de parar assim como eram os capítulos das novelas. Tô emocionado!”.
Quando Renato compartilhou seu #depoimento comigo pensei no quanto o livro se tornou um espelho da minha biografada. Missão cumprida! “Você viajou no tempo. Parece que esteve do lado dela. Não tenho palavras. É tudo muito lindo e emocionante. Que linda a história de vida e de luta da autora!”, acrescentou Renato.
Luís Felipe, de São Paulo, é um jovem leitor da biografia de Ivani. Ele conseguiu encontrar um espaço para a leitura entre os estudos para o vestibular. “Foi um deleite ler cada detalhe de uma pessoa que, como descreve o livro, era avessa à badalações, não gostava de aparecer tanto na #mídia, e por isso mesmo eu tinha pouco conhecimento de sua história, #trajetória pessoal, profissional e curiosidades. Li cada #palavra como que querendo gravar na mente a menor das informações descritas, relendo as partes que mais apreciava e relembrando o que já conhecia sobre cada período”.
Também fã de telenovelas e de Ivani, Luís ainda agradeceu a elaboração do livro por ansiar conhecer aquela cujas histórias o encantaram. “São obras como essa, ricamente pesquisadas e construídas, que contribuem para o ingrato trabalho de jogar luz na ignorância e no preconceito existentes na nossa sociedade, por um ou outro motivo, com as telenovelas. Mostra que são produtos de valor cultural e histórico e que merecem a devida consideração inclusive dos meios acadêmicos e literários”, escreveu.
Relações profundas também foram trazidas à tona, como a lembrança de Alessandro Valadares, do Espírito Santo. “Minha mãe tinha angina, como a Diná (personagem da novela A Viagem), e faleceu de complicações cardíacas no dia 30 de outubro de 1994, uma semana após o final de A Viagem. Nas últimas semanas da #novela, minha mãe parecia sentir que estava perto da ‘viagem’ dela. Nas cenas da Diná em Nosso Lar, ela dizia que não tinha medo da morte e que se o ‘céu’ fosse lindo daquele jeito, ela iria tranquila”, relata Alessandro, ao dizer que a trama marcou sua vida. “Não canso de dizer que a Ivani é minha autora favorita. Cresci vendo as novelas dela com meus pais”.
Ele ainda atribui à novela uma abertura de visão para as questões espirituais. “Coisas que só mesmo a sensibilidade da Ivani poderia despertar no coração de cada pessoa”, disse.
O #carinho dos leitores por Ivani e respeito à sua obra foram extensivos a mim por meio do livro. É gratificante saber o quanto um trabalho produzido pode servir de estímulo e tocar o coração do público-alvo. É o caso do Douglas Oliveira, jovem leitor do Rio de Janeiro, que classificou a biografia com cinco estrelas na rede social de leitores Skoob. “Ler a biografia da Ivani, além de todos os motivos já citados, me trouxe grande inspiração de vida. Já havia lido a biografia de Janete Clair há alguns anos, mas a de Ivani foi uma experiência muito diferente. Foi algo mais profundo, sensível e radiante. Sabia tão pouco dela, e hoje sinto como se a tivesse conhecido, como um amigo pessoal”.
Hoje, 20 de fevereiro, é aniversário de Ivani. Ela completaria 103 anos. E, ao contrário dos anos anteriores, agora ela tem a sua memória preservada por meio de sua biografia. É como se o livro fosse um ponto de encontro para uma viagem, que revela um pouco da relação entre criador e criatura, reveladora do poder da telenovela como poderoso instrumento de #comunicação de massa. A cada um dos leitores, muito obrigada pela companhia nessa viagem. Parafraseando Douglas: que “Ivani Ribeiro: a dama das emoções” alcance muitos leitores e admiradores de Ivani.
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